Trinta e um de maio de dois mil e nove. Um dia histórico para milhões de flamenguistas.
Mas, sobretudo para um em especial. Adriano. O garoto da Vila Cruzeiro. Alto, franzino, humilde e sonhador. Como muitos que sonham em um dia vestir o manto sagrado e ouvir ao menos uma vez um coro entoando seu nome.
Mas o que esperar de um moleque do morro, sem muito estudo, de família com pouca condição financeira e sem conhecimento de pessoas influentes no ramo? O máximo que se imagina é que seja apenas mais um no meio de tantos. Tantos que, apesar de sonharem com um futuro melhor e o brilhantismo na carreira, convivem com inúmeras situações adversas ao seu redor que muitas vezes o impedem de prosseguir.
Mas desde garoto, Adriano já era forte. Forte na mentalidade. Forte na luta pelos seus ideais.
Em 2000 o garoto da Vila Cruzeiro aparecia nas divisões de base do Flamengo.
É lateral? É zagueiro? É meio campo? Não!
É atacante. É arrojado. É matador. É artilheiro. É Imperador.
A transformação foi instantânea. Mais rápido que ele próprio imaginava se tornou ídolo. Ídolo não só de uma torcida e sim de um país. Aos dezoito anos já vestia a amarelinha pela primeira vez. Aos dezenove ainda procurava se firmar num grande clube europeu. Aos vinte e dois, a glória. Destaque na Internazionale e na Itália conquistou vários títulos importantes.
Aos vinte e quatro anos, o declínio. O Imperador, agora já formado, começa a ver seu sonho esvair-se após lutar contra a depressão devido à morte de seu pai e problemas pessoais. Muitas críticas por causa dos maus desempenhos, afastamento da equipe, boatos de péssimo gosto. Parecia que o Imperador teria abdicado do trono.
Em 2008 uma tentativa de recuperação. O São Paulo resolveu abrigar Adriano para reabilitar seu condicionamento físico, seu gosto pelo futebol, sua alegria de viver.
O mostro da pequena e grande área se esforçou, correu, ajudou, fez alguns importantes gols para o time paulista. Porém, aquele recomeço era pouco para quem tinha sido ‘o cara’. Todo conforto que o clube paulista oferecia não bastava. Ainda havia algo que agonizava Adriano. Aparentemente ‘o menino da favela’ estava bem, pronto para voltar a brilhar de novo. Mas, só aparentemente.
Com poucas chances de dar continuidade ao que havia feito no Brasil, Adriano amargava a reserva no clube italiano. Longe da família, tinha tudo que queria, mas faltava a maior estrutura que um homem pode ter. As pessoas de quem gosta ao seu lado.
Resolveu largar tudo e voltar. Uniu a sua insatisfação de estar longe do seu povo, da sua comunidade, do seu time, com um misto de ‘kaô’ – como diria o próprio - de que pararia definitivamente de jogar bola. A vontade de um craque é soberana.
A vontade soberana de Adriano se cumpriu. Ele voltou. E só por estar entre nós o sorriso do garoto da Vila Cruzeiro voltou. E com ele, o grito da Nação ecoou.
Adriano estreou e tirou onda, como um bom carioca costuma falar. Levou uma multidão ao Maracanã. Ia jogar só 45 minutos, mas as pernas estavam sedentas por mais.
O coração pulsava e sangrava de tamanha emoção. Ainda queria sentir um pouco mais do calor da Massa. Só isso bastava. O gol seria conseqüência. Afinal, não há dinheiro que troque a felicidade de estar nos braços da Nação rubro-negra como ele mesmo disse.
Para fechar com chave de ouro a tarde de gala e explodir o Maracanã, o menino favelado reviveu a emoção de ouvir milhões de flanáticos comemorando um gol seu.
O Imperador voltou. Para quem desdenhou do seu poderio agora se rende juntamente com seus súditos rubro negros à sua maestria.
Por trás dos cento e dois quilos, Adriano mostrou ainda ser aquele garoto sonhador do morro e que vai atrás do que quer sem temer as circunstâncias ao seu redor.
Agora os sonhos não são mais materiais. O que ele quer é uma realização pessoal.
Fazer tudo do jeito que planejou no início da carreira. Andar tranquilamente na favela onde nasceu e ser o Imperador com o único manto sagrado.
O desejo está se realizando. Os primeiros passos foram dados. Acho que Adriano gostou da recepção de boas-vindas e certamente agradeceu aos céus por ter voltado.
A Nação também agradece aos céus por você Adriano. Obrigado por ser esse exemplo de humildade. Obrigado por ter mostrado o que é ser flamenguista e que não existe empecilhos para quem verdadeiramente ama esse clube. Obrigado por nos fazer ter um ídolo excepcional de novo. Obrigado por nos fazer sonhar mais uma vez com o Hexa e por você fazer parte desse sonho. Obrigado pelos gols que virá. Obrigado por ser ‘o Imperador’. Obrigado Adriano.
Eduardo Matheus
4 comentários:
OOOoooo O IMPERADOR VOOOLTOOOO
OOo Imperador voltoou !
Mtoo bomm! arrepiaaa!
imperador voltoooo!
Na comuna:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=1059289&tid=5342321562494642082&na=4
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