Crise? Esqueceram de avisar o time.

Além do fato de estarmos com um elenco precário e limitado tecnicamente neste momento, a desconfiança da torcida quanto ao desempenho do time do Flamengo em campo dava-se também por causa do caso Bruno.

A preocupação era que toda essa confusão pudesse ter algum reflexo dentro das quatro linhas, já que o goleiro, além de peça importante e amigo de alguns jogadores, era o capitão da equipe. Mas parece que a intertemporada ter sido em Itu contribuiu para que os atletas não se envolvessem tanto com a atmosfera pesada visível na Gávea. Tirar o time do Rio neste período, mesmo não sendo primordialmente por causa deste fato, acabou sendo determinante para que houvesse certa blindagem em meio à polêmica.

Contudo, após duas vitórias consecutivas, sendo uma em um clássico contra o campeão carioca, vemos que o desempenho em campo tem contrariado as expectativas ao que se refere à parte psicológica.

Nosso time não tem tomado conhecimento de quaisquer problemas extra campo e, com muita raça e disposição, voltou a dar alegrias à Nação e ofuscar um pouco as más notícias com vitórias. Não haveria melhor forma de reerguer o orgulho rubro-negro e mostrar para o mundo que nada pode combater a nossa força.

Decepção para a arcoirizada que passou dias fazendo chacota com o nome do Mengão e apostou na nossa ruína nessa volta do Brasileiro. O Mengão foi o único dos cariocas que conseguiu duas vitórias seguidas e de quebra, está coladinho com a Raposa no G-4 do bem. Suficiente para voltarmos a ver a galera desfilando com o manto sagrado pelas ruas e marcando presença no estádio.

O Flamengo tende a crescer nas dificuldades. Sempre foi assim e continuará sendo desde que deem o mínimo de condições para que seja feito um bom trabalho. E é isso que Patrícia e Zico têm apostado com os salários em dia e muita conversa com o grupo, treinador e comissão técnica. Falando a mesma língua do jogador e tapando brechas a fim de evitar dores de cabeça futuras como as dos últimos meses.

Em campo, a equipe comandada pelo Rogério que agora sim teve tempo para treinar e explanar sua filosofia de trabalho tem mostrado que pode ir um pouco além do que imaginamos. Já se observa uma considerável melhora em fundamentos como passes e desarmes. Embora ainda tenha que evoluir em muitos aspectos, o que deve acontecer com a escalação de reforços que só atuam em Agosto.

Enquanto isso, nós como torcida não podemos deixar a peteca cair. Chegou a hora de a gente fazer nossa parte nas arquibancadas. Lembrar do Galinho pedindo voto de confiança nesse time e voltar a ser o décimo segundo jogador. A próxima vítima é o Avaí que também vem embalado por duas vitórias após a Copa e deve dar um pouco mais de trabalho que os últimos adversários.

E para terminar esse texto, descrevo o “novo” hino da torcida que representa bem o atual momento e merece vingar nas arquibancadas de uma vez por todas!

VIREI FLAMENGO AO NASCER
EU NÃO NASCI PRA PERDER
NEM VOU SOBRAR DE VITIMA
DAS CIRCUNSTÂNCIAS
MARACA É MINHA CASA
FLAMENGO É MINHA VIDA
SEI QUE NÃO EXISTE
UMA TORCIDA MAIS LINDA
É A MAIOR DO MUNDO
E NÃO TEM CHORORÔ
EU TO AQUI PRA VER
VAMOS GANHAR MENGO*
E A GENTE JOGA JUNTO
VAMOS SER CAMPEÃO*
PARTE PRA CIMA DELES.
RAÇA AMOR E PAIXÃO

*Fiz uma leve adaptação por motivos óbvios.

Caso Bruno: Malandro é malandro, mané é mané.

Quem me conhece na comunidade, sabe que eu sempre critiquei o Bruno. Tanto pelas suas atuações debaixo das traves quanto pelas “pérolas” que vivia soltando nas entrevistas. Embora muitos considerassem “verdades ocultas” que o super sincero falava e os demais encobriam, o que a meu ver, ainda que fossem, eram ditas em momentos nada propícios.

Sempre achei um sujeito exagerado, falastrão, contraditório e arrogante. Em campo, muitas vezes foi traído pela autoconfiança. Não vou culpar a torcida que o exaltava, chamando de melhor goleiro do Brasil. Nós, ou melhor, ela (torcida) também foi enganada ao professar tamanho disparate. Mesmo fazendo parte da torcida, me recuso incluir-me neste lamentável fato, uma vez que nunca compartilhei com tal.

Bruno era (ou é?) sim um bom goleiro. Melhor que a maioria, eu diria. Porém, sempre esteve abaixo ou no mesmo nível de outros. Nunca teve uma sequência de jogos que se ratificasse toda a confiança que era depositada nele. Acredito que muito dessa Brunolatria teve bastante contribuição da imprensa, sobretudo, nas atuações em finais de Estadual em que o goleiro teve participação decisiva e importante nas disputas por pênaltis. Essa mesma imprensa que hoje contribui, e muito, para o inferno em que virou sua vida.

Agora, depois de tudo que estamos presenciando envolvendo o jogador como o principal suspeito na morte de sua amante, confesso que o sentimento em relação à pessoa do Bruno é de desgosto, tristeza.

Mesmo não gostando de suas atitudes e, considerando um goleiro na maioria das vezes apenas normal, nunca desejei o mal dele. Pelo contrário. Queria apenas que justificasse dentro e fora das quatro linhas a excessiva idolatria que vinha das arquibancadas.

Bruno é um goleiro promissor, porém irregular e problemático. Declarar isso há um tempo era como se jogasse pedra na cruz. Hoje, a confusão em que está metido, mudou o modo de pensar de muita gente que considerava apenas o lado profissional. Agora, esses, fazem pouco caso do que antes achava “o máximo”. Mesmo concordando que as duas coisas (profissionalismo e caráter) precisam se completar para alguém alcançar o status de ídolo, vejo tremenda falta de personalidade de alguns. Fanatismo, clubismo e ceguismo de outros tantos que deixaram sua opinião se influenciar. Sempre mantive o que pensava até que o goleiro me provasse o contrário. Não provou a tempo de encerrar a carreira. Por outro lado, também não me aproveito da atual situação para colocar mais lenha na fogueira, declarar ódio pelo sujeito e ser oportunista ao ponto de usar o caso para sustentar de forma sensacional o que argumentava.

Me intriga assistir o arqueiro falando sobre a possibilidade que agora se tornou nula dele defender a Seleção na próxima Copa. Confirmou minha tese de que possui transtornos psicológicos graves. Afinal, como pode uma pessoa na circunstância em que se encontra ainda ter cabeça para levantar um assunto desses?

Temo pelo futuro do Bruno em todos os sentidos. Não sou adepto do “olho por olho, dente por dente”. Se confirmado o crime, que a justiça (dos homens) seja feita. Deixa que Deus faça a dele, se assim quiser e como quiser.

Pra gente, que sirva de exemplo. Lembrando que se colhe o que se planta. Não adianta pensar que é malandro e quando na verdade se é um grande mané. E aguardemos os próximos capítulos dessa longa, cansativa e misteriosa novela.

Do luxo ao lixo?

Adriano, Petkovic, Aírton, Zé Roberto, Everton, Maldonado.

Pode não ter sido o time de futebol mais bonito e envolvente da temporada. Pode não ter sido o time com os mais profissionais jogadores do mundo. Mas é inegável que o time do Flamengo campeão que terminou o Brasileirão ano passado foi um dos melhores da última década. Uma equipe que não foi planejada e se formou ao longo da competição. O elenco se encorpou com reforços chamados “cirúrgicos”. A princípio, a meta era chegar pelo menos entre os quatro primeiros, porém a eficiência demonstrada em campo aliada a uma dose de sorte, fez com que chegássemos a primeiro lugar na corrida em direção ao caneco.

Fernando, V. Pacheco, Paulo Sérgio, Welinton, D. Maurício, Rômulo.

É assim que vamos já para a oitava rodada do Brasileirão 2010. Absolutamente o contraste da equipe campeã em termos de qualidade. O fator parecido é a falta de planejamento. Porém, ao contrário do ano passado, este ano está havendo tempo para uma preparação visando a sequência do campeonato. O fraco primeiro semestre acelerou o processo de reformulação da equipe, contudo, a parada de um mês para a Copa do Mundo tem sido uma aliada dos clubes brasileiros e era o tempo que a torcida flamenguista também esperava que a diretoria aproveitasse para remontar o time e fazê-lo capaz de defender o título. Por enquanto, o que vemos é um Flamengo bastante aquém do que se esperava. Talvez não chegue a ser time para lutar contra rebaixamento, mas é praticamente impossível crer que brigaremos ao menos pelo G-4. Essa análise muito se dá a partir do momento em que nos comparamos aos adversários, o que nos faz indagar: será que fomos do luxo ao lixo?