Sabe quando tudo vai muito bem e você pensa: “está bom demais para ser verdade”? Quando você começa a ter projetos para o futuro certo de que possui totais condições de alcançá-los e de uma hora para outra começa a ver tudo desandando?
É assim que me sinto no exato momento que escrevo este texto em relação ao Flamengo. Tanto que, ainda não tive aquele tesão de ir ao Maraca assistir o time. Certamente agora me chamam de modinha e outras coisitas mais por causa disso. Porém, a bem da verdade é que nem mesmo os que foram a algum jogo saíram plenamente satisfeito e feliz com o time ainda este ano.
Movido pela badalação da nova dupla de ataque rubro-negro, estive na estréia de Love no Engenhão e só. Com o campeonato carioca cada vez mais sem graça, caro e com jogos realizados em horários impróprios, com exceção das fases finais, o torcedor (em geral) acaba desanimando mesmo. Até porque nem só da paixão pelo clube que torce vive o homem. Mas este é um assunto muitíssimo delicado que caberia horas de discussão. Contudo é fato de que os times, apesar das chamadas estrelas que contrataram, estão longe de jogar um futebol que impulsione a qualquer sacrifício dos que se fazem para ver o clube do coração.
Mais especificadamente no Flamengo, o time a ser batido por ter sido o campeão brasileiro ano passado, o dono do Rio e etc, imaginou-se que o clube continuaria na mesma pegada. Começando bem estadual, chegando às finais da Guanabara e tendo um início promissor de Libertadores. Tudo bem que falo como se já estivéssemos em dezembro e fizesse um resumo da temporada. Mas o que vemos atualmente nos leva a imaginar um futuro bem mais distante do que imaginávamos há 3 meses atrás. O time longe de encantar dentro das quatro linhas, o que leva ao esfriamento da torcida. Problemas extra campo com jogadores que vem afetando o rendimento. Indisposição entre técnico, jogador, dirigente. A bomba relógio está próxima de explodir. Ouso a dizer até que isso ainda não aconteceu porque ainda não jogamos uma partida pra valer, já que tudo acaba culminando quando vem a “inesperada”, porém anunciada derrota.
A estréia na Libertadores, onde uma expulsão infantil e um futebol ainda precário para a equipe que temos poderia ter resultado em um desastre fosse o Universidad Católica um adversário um pouco mais perigoso.
Jogadores de extrema importância na campanha do hexa hoje afastados. Angelim, Petkovic, Adriano. Cada um por um motivo bastante peculiar. Porém, todos têm responsabilidade por sua ausência, ainda que outros fatores tenham influenciado. Curiosamente, jogadores que não estiveram presentes na reapresentação do clube em janeiro. Decisivos em 2009 e quem sabe também em 2010. No primeiro momento pela determinante presença e no segundo momento pela, quem sabe, determinante ausência.
Não precisa ser nenhum vidente para prever que esses últimos acontecimentos negativos terão reflexo mais à frente. Aí a torcida vai querer intervir, dirigente vai querer aparecer, cabeça de técnico pode rolar, jogador vai lamentar e será tarde demais. A crise no Flamengo já começou há tempos. Apenas não houve ainda uma derrota para caracterizá-la. Todos preferem fechar os olhos e fazer de conta que está tudo bem, que tudo é contornável. Esse filme é antigo e mesmo assim os clubes não aprendem que a tal crise precisa ser assumida e com a mesma coragem jogada para o espaço. E melhor arrumar a casa enquanto a bomba relógio não explode do que ter que juntar os cacos depois. Para que o que começou errado, não termine errado.